Rita Clemente

Rita Clemente, destacada atriz, diretora e dramaturga mineira, tem vasta experiência em teatro e incursões em televisão e cinema. Reconhecida por sua pesquisa acerca das possibilidades de diálogo entre teatro e música, a artista vem desenvolvendo, mais recentemente, através do estudo “Bala Perdida”, uma pesquisa dramatúrgica e de direção voltada a acontecimentos simultâneos do dia-a-dia, assim como ao entrelaçamento da vida de personagens através de situações ligadas ao acaso.

Em linhas gerais, o contexto dessa pesquisa está desenhado por pequenas histórias do cotidiano de pessoas comuns, levadas ao limite do absurdo e da impotência diante do fim. Em sua abordagem do texto “Dias Felizes”, de Samuel Beckett, ganhou os prêmios de melhor direção Questão de Crítica – Rio de Janeiro 2013 e melhor figurino Prêmio Usiminas Sinparc 2013, e foi indicada a mais quatro categorias do Prêmio Questão de Crítica do Rio de Janeiro: trilha sonora, atriz, melhor espetáculo e figurino. Também foi premiada como melhor diretora pelo Cemig Sinparc 2015 com o espetáculo “O que você foi quando era criança” e indicada aos prêmios Shell SP e Qualidade Brasil SP 2008 pela direção de “Amores Surdos” (Grupo Espanca!). Estreou recentemente uma obra seriado para o teatro, o conjunto de peças entitulado “Antes do Fim”, projeto patrocinado pelo Banco do Brasil que dá continuidade à pesquisa “Bala Perdida”.

Na televisão, estreou como atriz no seriado “A Cura” (2010) e fez parte do elenco das novelas “A vida da gente” (2011-2012), “Amor à Vida” (2013), e “Liberdade, Liberdade”(2016), todas pela TV Globo. No cinema, atuou nos longas-metragens “Pequenas Histórias” e “Batismo de Sangue”, do diretor Helvécio Ratton. Rita Clemente é graduada em música pela Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), formada pelo curso de formação profissional de atores da Fundação Clóvis Salgado e, atualmente, desenvolve a pesquisa “Dramaturgia da cena polifônica: teatro e música” no mestrado em artes da UEMG.

Talvez por sermos covardes é que precisemos instrumentalizar a vida por conta do medo e da nossa incapacidade de aceitá- la ou entendê-la na sua legítima imperfeição. Não temos coragem para enfrentarmos o mundo em sua máxima possibilidade, num mergulho vertical porque o medo é nossa única certeza.

Penso num buraco negro que, por causa de sua elevadíssima força gravitacional, não permite que nada saia de lá ou que de lá nada pode escapar e que então para ter acesso mínimo à este desconhecido universo só nos cabe tentar entender, perceber, intuir a influência dele sobre nós, sobre o que gravita em seu entorno, sobre o que, supostamente, podemos ver.

Mas se num mergulho cego em um buraco negro descobríssemos que o invisível é como o medo: só existe quando em nós faz presença; quem sabe acabariam as instituições, os ídolos se auto destruiriam, o mundo morresse inteiro em seus valores caducos.

Gritaríamos caindo sem parar num buraco sem fundo: há vida e é o sentimento de potência em nós que luta para existirmos.

Rita Clemente